sexta-feira, 10 de abril de 2020

Feminismo & Liberdade Sexual Versus Religião; - Parte I - (Estudo).

Feminismo é um conjunto de movimentos políticos, sociais, ideologias e filosofias que têm como objetivo comum: direitos equânimes e uma vivência humana por meio do empoderamento feminino e da libertação de padrões patriarcais, baseados em normas de gênero. (Wikipedia)
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• Identidade sexual é como alguém classifica a sua orientação sexual. Identidade sexual e comportamento sexual estão intimamente relacionados à orientação sexual e orientação sexual referente às atrações, sejam sexuais ou românticas por certo(s) sexo(s) ou gênero(s). (Wikipedia)
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• Liberdade (LatimLibertas) é, em geral, a condição daquele que é livre; capacidade de agir de si mesmo; autodeterminaçãoindependênciaautonomia. Pode ser compreendida sob uma perspectiva que denota a ausência de submissão e de servidão, mas também pode se relacionar com a questão filosófica do livre arbítrio. Se opõe à concepção de mundo determinista. (Wikipedia)
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• A religião tem para os seres humanos uma importância significativa. Seja qual for à crença, não podemos ignorar que ela tem exercido forte influência sobre o comportamento e conseqüentemente, sobre a sexualidade humana. É de grande utilidade ter noções sobre a sexualidade na visão da religião numa perspectiva histórica, de forma a facilitar o conhecimento em relação a seus valores, problemas, medos, conflitos, entre outros. De formas diferentes, mas sempre se apresentando como um foco de intensa elaboração, a sexualidade desperta interesse às religiões e é um ponto importante de preocupações éticas discutidas pelos teólogos. Além disso, a religião tem sido no decorrer da história, um fator determinante sobre a sexualidade humana, ora impondo regras rígidas, em outros momentos procurando orientar o ser humano nessa dimensão tão importante da vida. [...] 
           A religião em relação à sexualidade tem sido um instrumento ideológico e político-social, de forma que tem orientado os indivíduos para uma moral, na maioria das vezes, negando sua sexualidade. A maior exceção vem dos orientais que se pautaram pelas orientações religiosas do Taoismo, Budismo e Confucionismo que têm uma relação no se refere à sexualidade sem a força repressora como as Igrejas cristãs, desta forma a sociedade oriental sempre foi muito mais livre e natural que a ocidental. As religiões e filosofias orientais baseiam-se sempre no equilíbrio e complementaridade entre princípios opostos, simbolizados principalmente pelo "feminino" (yin) e "masculino" (yang). [...]
           A filosofia estoica que influenciou bastante o cristianismo, e que representa a fase de decadência da filosofia antiga, trabalha com a ideia de controlar racionalmente o comportamento emocional. Que a qualidade do sábio é a indiferença, e a finalidade de sua existência é a apatia, que nasce da supressão do desejo. O sábio estoico, nas suas relações sexuais, deve despir-se de qualquer emoção, porque se trata de um ato físico e instintivo assim entendido racionalmente. O próprio casamento passa a ser questionado ao colocar-se a questão do prazer carnal no ato conjugal. Uma das mais fortes conseqüências disto foi à valorização do celibato. [...]
(Artigo Cientifico por José Amilton da Silva Professor PDE do Paraná. Graduado em Filosofia pela Unioeste – Toledo Pr. Pós-graduado em História do Brasil (Unioeste) e Pedagogia para o Ensino Religioso (PUC-Pr) - Para ler o artigo completo deixe seu e-mail nos comentários que envio pra você).
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• Por que será que o poder religioso e o poder político temem tanto o exercício livre da sexualidade? De acordo com antropólogos e psicólogos se deve ao fato de que ninguém é mais difícil de dominar pelo poder do que uma mulher e um homem felizes. E é a sexualidade, exercida sem tabus e medo, uma das maiores fontes de felicidade.
           Enquanto os deuses antigos do paganismo eram mais liberais com sexo, a partir da chegada do monoteísmo e concretamente do cristianismo influenciado por Paulo de Tarso, o exercício da sexualidade com sua força de libertação, começou a ser considerada como pecado e a mulher como a tentação do homem. Para isso foi retomado o mito de Eva, que tentou o homem fazendo-o desobedecer a Deus.
        Desde então, as igrejas cristãs relegaram a mulher como perigosa ao homem e foi até afastada dos mistérios do culto dos quais os homens se apossaram. Elas foram relegadas da hierarquia da Igreja. E na vida, como sentenciou São Paulo, “submetida em tudo ao homem”, até no exercício da sexualidade.
      Todos os poderes, do religioso ao político, à medida em que se tornavam mais autoritários e ditatoriais, foram alérgicos a uma sexualidade vivida em liberdade. No mundo político essa tentação de controlar a sexualidade das pessoas foi um pecado que tentou a direita e a esquerda, assim como o preconceito para que a mulher chegasse ao poder.Os maiores tiranos da história tiveram medo do sexo e o ridicularizaram, talvez para exorcizá-lo. Lembro quando o general e ditador Franco decidiu que as mulheres não podiam ir à praia de biquíni, já que isso atentava contra a moralidade. Imediatamente surgiram as piadas e ironias. Um guarda civil se aproximou de uma jovem estrangeira que tomava sol em uma praia e lhe disse: “Senhorita, você não pode ficar aqui com um maiô de duas peças”. E a jovem lhe respondeu com humor: “Então, seu guarda, me diga se prefere que eu tire a parte de cima ou a de baixo”.
A Igreja também sempre teve medo da mulher, a eterna tentadora, e de seus seios. Lembro que em uma viagem do papa Paulo VI a Uganda, na África negra, ao aterrissar o avião o religioso era esperado por um grupo de jovens mulheres para fazer uma dança ritual em sua homenagem. Na África as mulheres costumam andar com os seios descobertos com toda a naturalidade, mas os organizadores da viagem papal pensaram que não era de bom tom aquelas jovens se apresentarem ao Papa com os seios descobertos e as obrigaram a colocar um sutiã. Quando os fotógrafos se aproximavam elas cobriam com as mãos, envergonhadas, não os seios e sim os sutiãs.
Esse problema não resolvido do poder com o sexo se deve a que não existe nada mais machista do que ele. E essa é uma das grandes batalhas da libertação da mulher realizada nesse momento no mundo. A mulher sabe que só adquirirá o papel que lhe pertence na sociedade da mesma forma que o homem quando o sexo deixar de ser um tabu e ela deixar de ser vista como objeto de tentação e pecado. Nada dá mais medo hoje aos poderes políticos e religiosos do que esse movimento de libertação dos gêneros. Que a sexualidade é livre como o ar e o sol e ninguém, nem o poder religioso e o civil têm direitos sobre tal liberdade. Os tabus sobre o sexo foram e continuam sendo criados pelo poder masculino para submeter a mulher e os que ousarem fazer uso da liberdade de gênero no exercício da sexualidade.
Exigir no século XXI que as jovens brasileiras abracem a castidade por medo de ficar grávidas antes do tempo é ignorar que a fisiologia e a natureza fizeram com que a mulher muito jovem já possa procriar para assegurar-se o direito à prole e que hoje, no pior dos casos, existem substitutivos à castidade para evitar gravidezes não desejadas.
Um teólogo da libertação colombiano me disse uma vez que é curioso que a Igreja tenha criado o dogma da Imaculada Conceição para exaltar a castidade já que, dessa forma, a virgem Maria pôde ficar grávida e ter Jesus por obra e graça do Espírito Santo sem precisar fazer sexo. E me dizia: “Não há maior desprezo pelo exercício da sexualidade, uma das forças motoras da Humanidade sem a qual nenhum de nós existiria começando pelos Papas”.
Esse medo ancestral das igrejas à sexualidade também explica o sacerdócio celibatário obrigatório e as pressões contra o Papa Francisco, o menos machista dos Papas da idade moderna, que não só começou a abrir no Sínodo sobre a Amazônia a possibilidade de padres casados, como chegou a dizer que a Igreja precisava com urgência de uma “nova teologia da mulher”, que seria o último grande tabu da Igreja, como o é seu afastamento da hierarquia.
A guerra contra Francisco já está aberta. Das insinuações a que talvez esteja com câncer de cérebro a que traiu o papado por não querer se chamar Papa. Como os primeiros cristãos, de fato, preferiu desde o primeiro dia se chamar simplesmente “bispo de Roma” e até renunciou aos palácios vaticanos para morar no quarto de uma simples pensão para padres. Francisco é o primeiro Papa que não só não vê a mulher como inimiga e tentadora e o sexo como pecado, como acredita serem imprescindíveis para que a Igreja não fique fora da História.
Pode existir heresia maior? (Blog do Jornal El País por Juan Arias)





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